A nossa história

No observatório extraterrestre.
"Aquele é o planeta famoso Terra?"
"Positivo. Bonitinho, né?"
"Como funciona?"
"É dividido em países."
"Países?"
"Estado que têm ou não soberania e governo independente. Naquele ali que está na luneta, enfocaram o herói da Independência, um dentista que não fazia obturações, só tirava os dentes. No outro século é que ela foi proclamada. Pelo imperador chamado Pedro. Depois, a primeira Constituição foi adulterada por um contraditório poder moderador. Logo depois, o libertador foi ser rei em outras bandas."
"Bandas?"
"País. E levou toda a riqueza. Ficou um rei menor de idade. Depois, veio a Proclamação da República, marechais se alternaram no poder. Numa Segunda República, membros da elite de duas regiões se alternam. Uma Revolução de 30 , que era para ser um governo popular, vira uma ditadura."
"Que coisa..."
"Na volta à democracia, o novo presidente coloca um partido de oposição na ilegalidade, o próximo quase não termina o mandato, o terceiro renuncia, o quarto ê deposto por um Golpe Militar, e o bicho pega. Só depois de 21 anos, um civil é eleito presidente indiretamente."
"Ufa!"
"Mas é internado um dia antes da posse e morre no dia em que o herói da Independência foi enforcado. Na primeira vez em que um trabalhador representante do povo é eleito presidente, pegam um aliado com moeda estrangeira na cueca."
"Caraca, isso é que é azar. Como chamam esses coitados?"
"Povo brasileiro. Observamos há séculos. Não é má fase, não."
"O brasileiro é antes de tudo um tremendo pé-frio."
"Não fala assim. Joga um bolão."
"Jura?"
Crônicas para se ler na escola -Marcelo Rubens Paiva.

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